2 de abr. de 2008

Eu sou mais chato que você

Às vezes quase deixamos passar coisas boas por pura preguiça. Eu sou assim. Tenho preguiça de algumas coisas. Já faz um tempinho que o álbum novo do Portishead vazou e, confesso, não senti vontade de baixá-lo pra conferir. Os motivos foram vários:

- 11 anos de hiato podem ser fatais pra uma banda;
- Medo de topar com um lixo muito bem gravado mas com pouco conteúdo;
- O Portishead está no grupo das bandas que tenho preguiça, ao lado, por exemplo, do Radiohead (e olha que eu gosto muito do Radiohead).

Felizmente consegui vencer essa fase, deixar de lado o preconceito e baixar o disco sem nenhuma expectativa. Mentira, minhas expectativas eram ruins de qualquer forma. Logo de cara, nos primeiros segundos, vem uma voz em português brasileiro soltando frases às quais, por algum motivo, me lembra o canal Record e suas tristes manhãs de domingo.

“Silence”, a primeira de Third, começa pondo abaixo tudo o que minha cabeça havia inventado: nada de caretice ou mesmice, nada de elementos manjados. O lance aqui não é mais as batidas eletrônicas quebradas conhecidas de outros carnavais. É como se Portishead tivesse se inspirado em Drum’s Not Dead, do Liars, uma vez que o clima tribal / percussivo acompanha quase todo o disco. “The Rip” é uma das minhas preferidas. Começa com um violão bem simples e logo ganha a companhia da maravilhosa voz de Beth Gibbons. A faixa cresce e, graças ao lindo arranjo de teclados e à bateria repetitiva, adquire um tom meio kraut.

Ao contrário do que acontece nos dois outros álbuns, as bases instrumentais de Third não se encaixam na voz de Beth Gibbons da forma que estamos acostumados. É quase como se elas não combinassem com o timbre de Gibbons. Mas, aos poucos, você descobre que tudo faz muito sentido.

Third
é um disco sombrio, de características tristes, sem (ainda bem) as grandiosidades de estúdio, com produção e clima perfeitos. Em alguns momentos chega a ser até um pouco difícil. E, indo na contramão do que imaginava, tudo é simples, muitas vezes predominando o silêncio e o vazio. Talvez o álbum não tenha o mesmo efeito em você. É compreensível e pode acontecer. Mas não deixe de ouvir Third. Esse terceiro disco do Portishead tem sido uma grata surpresa aos meus ouvidos. Arrisco dizer que é um dos grandes lançamentos de 2008.

Portishead
Third
(2008)

10 comentários:

Anônimo disse...

E ao vivo, o "Third", é fantástico. E a extraordinária voz da Betty está cada vez melhor. Simplesmente inesquecível!

Um abraço desde Portugal.

joao disse...

volta a fita pra década de 60 e ouça os silver apples e fica sabendo que tem nada de liars nas batidas

paula disse...

ai, third é ótimo mesmo. gostei demais, justamente por não repetir a fórmula dos dois primeiros cds da banda. a música que eu mais gosto é magic doors e hunter, mas as outras não são ruins não, rs.

Six disse...

Pode deixar João, vou entrar no blog do Cagedream pra aprender um pouquinho mais sobre a música experimental, etc.

Anônimo disse...

ué, cadê o link?

joao disse...

Silver Apples - Contact
http://sharebee.com/7baadc61

Silver Apples - Silver Apples
http://sharebee.com/364d78ba

Anônimo disse...

não achei decepcionante mas, mesmo assim, medíocre. haha
tudo a ver liars, sim, tendo rolado inspiração ou não. independe. aliás, ficar querendo discutir se veio dali ou daqui é uma perda de tempo.
podcast novo na área:
http://www.tanque.mypodcast.com

Six disse...

concordo com você, claudio.

gosto de silver apples assim como gosto de liars. essa discussão não leva a lugar algum, até porque sempre ficaremos no campo das suposições, uma vez que nunca dá pra dizer, de fato, qual foi a inspiração da banda.

quanto ao álbum, é o melhor do portishead na minha opinião.

(ps: opiniões divergentes são sempre bem vindas)

Anônimo disse...

Hi hi hi, love your blog, it rocks! Wondering if you can repost the link, since the one posted says that the "file is not found"?

Thanks!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.