A coleção de discos de uma pessoa diz muito sobre a mesma. E se ela quisesse mostrar um pouco mais sobre si aos terceiros que por ventura analisassem sua coleção, ela teria que arrumá-la por ordem cronológica de aquisição. Não separar por estilo, país, ordem cronológica de lançamento ou, pior, por ordem alfabética. A ordem cronológica de aquisição seria um mapa mais preciso.
Discos nos quais você colocou seu suado dinheirinho e outros que ganhou, ou roubou, ficariam lado a lado, apontando o dedo para você e dizendo: aqui somos nós, sua juventude punk rebelde que não durou nem cinco discos (e tem sex pistols no meio deles) e logo depois lá está sua fase romântica de 20 álbuns (19 deles você tem vergonha hoje em dia). E assim por diante. Sua coleção não mente nunca.
Não sei bem onde o Hefner entraria em um mapa meu. Seus discos estariam espalhados aqui e ali. Mas sem dúvida nenhuma eles (os que eu tenho pelo menos) estariam marcados em negrito e sublinhados, como estações de trem essenciais. E o disco que posto hoje, o segundo da carreira solo de Darren Hayman, o homem por trás do Hefner, ganha um negrito em seu nome a cada escutada.
Lançado no ano passado, Darren Hayman and the Secondary Modern lembra as ótimas composições de seu ex-grupo antes de Dead Media, o disco com sintetizadores e um pouco de experimentações. DHatSM contém tudo: os quês de indie pop e lo-fi, as guitarras básicas, os violões tocados com força, os gritos e choramingos de Darren, com mais lances de metais, mais banjo e ukulele e suas sempre lindas letras. Lindas de um jeito geek, com um tom perverso e sexual.
Darren Hayman é um de meus trovadores favoritos. Para me acalmar, eu só preciso deixar canções como "Elizabeth Duke", "The Pupil Most Likely", "Higgings Vs Reardon" e "Apologise" (citaria todas) entrarem e tomarem conta do meu consciente, deixar o risinho sair pelo canto da boca e deixar também a dorzinha de sinceridade escorrer como suor no topo da cabeça. E, para continuar com a idéia inicial do mapa, Darren está ali pedindo carona no acostamento da estrada e não há jeito de negar uma ajuda para aquele inglês magricela. Suas histórias maravilhosas estão estampadas em seus dentes tortos.
Para terminar o longo post e desejar um bom final de semana a todos, coloco o vídeo de uma de minhas músicas favoritas do Hefner, "The Sweetness Lies Within", do disco Breaking God's Heart.
Darren Hayman
Darren Hayman and the Secondary Modern (2007)
28 de mar. de 2008
weeekend
Tagos: darren hayman, hefner
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Um comentário:
mas que belo texto ! poetry running through ...
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