28 de mar. de 2008

weeekend

A coleção de discos de uma pessoa diz muito sobre a mesma. E se ela quisesse mostrar um pouco mais sobre si aos terceiros que por ventura analisassem sua coleção, ela teria que arrumá-la por ordem cronológica de aquisição. Não separar por estilo, país, ordem cronológica de lançamento ou, pior, por ordem alfabética. A ordem cronológica de aquisição seria um mapa mais preciso.

Discos nos quais você colocou seu suado dinheirinho e outros que ganhou, ou roubou, ficariam lado a lado, apontando o dedo para você e dizendo: aqui somos nós, sua juventude punk rebelde que não durou nem cinco discos (e tem sex pistols no meio deles) e logo depois lá está sua fase romântica de 20 álbuns (19 deles você tem vergonha hoje em dia). E assim por diante. Sua coleção não mente nunca.

Não sei bem onde o Hefner entraria em um mapa meu. Seus discos estariam espalhados aqui e ali. Mas sem dúvida nenhuma eles (os que eu tenho pelo menos) estariam marcados em negrito e sublinhados, como estações de trem essenciais. E o disco que posto hoje, o segundo da carreira solo de Darren Hayman, o homem por trás do Hefner, ganha um negrito em seu nome a cada escutada.

Lançado no ano passado, Darren Hayman and the Secondary Modern lembra as ótimas composições de seu ex-grupo antes de Dead Media, o disco com sintetizadores e um pouco de experimentações. DHatSM contém tudo: os quês de indie pop e lo-fi, as guitarras básicas, os violões tocados com força, os gritos e choramingos de Darren, com mais lances de metais, mais banjo e ukulele e suas sempre lindas letras. Lindas de um jeito geek, com um tom perverso e sexual.

Darren Hayman é um de meus trovadores favoritos. Para me acalmar, eu só preciso deixar canções como "Elizabeth Duke", "The Pupil Most Likely", "Higgings Vs Reardon" e "Apologise" (citaria todas) entrarem e tomarem conta do meu consciente, deixar o risinho sair pelo canto da boca e deixar também a dorzinha de sinceridade escorrer como suor no topo da cabeça. E, para continuar com a idéia inicial do mapa, Darren está ali pedindo carona no acostamento da estrada e não há jeito de negar uma ajuda para aquele inglês magricela. Suas histórias maravilhosas estão estampadas em seus dentes tortos.

Para terminar o longo post e desejar um bom final de semana a todos, coloco o vídeo de uma de minhas músicas favoritas do Hefner, "The Sweetness Lies Within", do disco Breaking God's Heart.



Darren Hayman
Darren Hayman and the Secondary Modern
(2007)

Um comentário:

Anônimo disse...

mas que belo texto ! poetry running through ...