Top 10 (definitivo)

Ufa. Foi difícil mas saiu. Tivemos um ano sensacional no que diz respeito à música, e poderíamos facilmente fazer um Top 50 aqui. Mas não, isso seria covarde demais. Portanto suamos a camisa e elegemos os 10 melhores álbuns lançados em 2007. Antes que você diga qualquer coisa, é claro que nossa lista é injusta. Esse é um ano em que qualquer lista com apenas dez discos será injusta. Como sempre, vale dizer que nossos critérios são extremamente pessoais. Esse é o Top 10 discos do ano segundo o We Are Disabled:

10.
Dr. Dog
We All Belong (download)

Se há um disco em 2007 que não precisa de resenha, esse disco é We All Belong. Ele é simples ao ponto de você gostar ou não e fim de conversa. Desde Easy Beat (2005), o We Are Disabled é só amor pelo Dr. Dog. E We All Belong mostra a banda perpetuando a celebração à vida e á música começada alguns anos atrás. Um brinde eterno à simplicidade e à honestidade. O Dr. Dog esquenta nossos corações e faz a gente vibrar, gritar, pular e cantar junto. (Denis)

9.
Andrew Bird
Armchair Apocrypha (download)

Andrew Bird não toca violino porque viu alguma bandinha com um violinista frustrado e "ó, quero tocar violino". Andrew toca há anos e tem formação acadêmica em violino, mas resolveu colocar guitarras em suas composições. Abraça o erudito e o pop há muito tempo e Armchair Apocrypha é o aperfeiçoamento dessa mistura. Algumas das músicas mais bonitas e tristes feitas no ano. Os violinos são tocados ou dedilhados, tem piano e assobios, muitos. Queria também mostrar suas histórias e letras, mas colo só estes versos: "Think life is too long, to be a whale in a cubicle/Nails under your cuticle". (Denis)

8.
The Fiery Furnaces
Widow City (download)

Ouvir Fiery Furnaces é como ler um bom livro. Um livro denso, de leitura um pouco complicada no começo. Mas só no começo. Uma vez que você entra no mundo que a banda construiu ao longo dos anos, tudo fica mais simples e colorido. E, quando você menos perceber, tudo aquilo que parecia “cabeçudo” já virou pop. Chatice e mesmice são duas palavras que passam bem longe dos irmãos Friedberger, assim como previsível e normal. Widow City, o sexto disco (eu sempre conto o EP de 10 faixas), é uma obra-prima e ponto final. Com mais de uma hora de música, o álbum traz 16 músicas recheadas de elementos, barulhos, mudanças rítmicas, vocais rápidos e histórias, muitas histórias que vão se completando a cada nova faixa. No fim das contas, o que mais me intriga mesmo é como duas pessoas tão talentosas como Eleanor e Matt nasceram na mesma família. Como? (Six)

7.
Battles
Mirrored (download)

Não tenho absolutamente nada para falar do Battles. Na verdade, não é preciso dizer nada. Ou você ouviu esse disco ou não. Simples assim. Mirrored é como uma chuva de pedras pontiagudas em campo aberto, e não há guarda-chuva que agüente. O que posso dizer com grande certeza é que o Battles está entre os poucos nomes que se aventuraram em novos territórios sem fazer merda esse ano. Em minha opinião, o termo rock matemático se encaixa perfeitamente para a competência do Battles em ter feito de Mirrored um álbum impecável e sem erros. Nada além disso. Fora que “Atlas”, “Tonto”, “Leyendecker” e “Tij” são quatro das melhores músicas do ano, e isso não é pouca coisa. (Six)

6.
Spoon
Ga Ga Ga Ga Ga (download)

Que diabos quer dizer Ga Ga Ga Ga Ga? Não me venha com explicações esdrúxulas, não quero saber. E diga o que quiser, mas Gimme Fiction (2005) não é melhor do que Ga Ga Ga Ga Ga. Pra mim, Ga Ga Ga Ga Ga tem um lado humano que poucos discos desse ano têm. Ele é tão simples em sua essência que até parece fácil fazer um disco pop tão bom assim. No No No No No. É bem complicado. E isso faz de Britt Daniel um compositor e tanto. Eu amo o Spoon. Eu amo o Ga Ga Ga Ga Ga. Eu amo escrever Ga Ga Ga Ga Ga cinco vezes no mesmo texto. (Six)

5.
Jens Lekman
Night Falls Over Kortedala (download)

Jens é o pop star perfeito: carismático, crooner com dois discos de baladas sobre amor e desilusões amorosas, atual, meio brega e o cara que abraça as influências que vê pela frente. Mas Jens quer e conseguiu mais com Night Falls Over Kortedala, seu terceiro disco. Ele nos presenteou com um álbum recheado de samplers e colagens que traz uma pitada de disco gay europeu, outra de música negra e dá uma cara nova às suas canções. Jens transforma suas baladas e narratiavas em um disco para você tocar numa festa intimista entre amigos e amores. Músicas para dançar sem perder a graça de suas doces baladas, e ao mesmo tempo, canções que te acompanharão por anos em noites solitárias. (Denis)

4.
Panda Bear
Person Pitch (download)

Person Pitch é uma elevação espiritual. A alegria de se mudar para Portugal e de ter uma filha, de superar a morte de seu pai e continuar a fazer música, coisa que sabe fazer como ninguém, transparece espiritualmente neste terceiro disco de Noah Lennox, o Panda Bear. Não é uma alegria gratuita e sem fundamentos. Parece que ele encontrou um paraíso budista, e de lá manda mensagens musicais para nós terráqueos. Ele sabe como tudo acaba e está tentando nos dizer. Person Pitch eleva espiritualmente e revela lugares pouco explorados na música com barulhos lindos. (Denis)

3.
The National
Boxer (download)

Não sei se você sabe disso, mas o National já lançou seu melhor disco. Chama-se Alligator (2005) e nunca mais será superado, mesmo que eles lancem 30 mil álbuns. Dito isso, fica mais fácil avaliar Boxer, o último trabalho de uma das bandas preferidas do We Are Disabled. Aliás, pra que avaliar o National? Este é álbum genial por um motivo muito simples: a bateria é seu instrumento central. Parece exagero, mas é como se todo o restante trabalhasse em prol das levadas que vêm das baquetas de Bryan Devendorf. E comentar das melodias vocais e do maravilhoso tom grave da voz de Matt Berninger é chover no molhado. Na verdade, todo e qualquer tipo de explicação aqui é baboseira. Sério. Nós amamos o National com todas as nossas forças e isso basta para eles estarem aqui. Se você não gosta da banda, entendemos que você tem sérios problemas, além de um baita mau gosto. Não. Na verdade não entedemos, mas tudo bem. (Six)

2.
Of Montreal
Hissing Fauna, Are You The Destroyer? (download)

Hissing Fauna, Are You The Destroyer? é um dos discos mais coesos e brutais (em forma de dance-bowie-gay) que já escutei nos últimos anos. São doze faixas que se ligam musicalmente, mas que, em suas letras e humores, se fragmentam em dez milhões de pedacinhos. Com o fim de seu casamento, Kevin Barnes mostra a fragilidade humana em cada verso, mudança de ritmo e de humor. Ele fica puto da vida, xinga, se auto afirma, é sarcástico, ácido, sincero, se tranca em casa, faz coisas ridículas, ridiculariza e termina melancólico na linda "We Were Born The Mutants Again...". Uma overdose de sanidade. (Denis)

1.
Animal Collective
Strawberry Jam (download)

Quando ouvi Sung Tongs (2004) pela primeira vez, duvidava que o Animal Collective pudesse lançar algo melhor. Mas aí veio Feels (2005) pra explodir minha cabeça. Quando consegui recolher os pedacinhos, a mesma coisa aconteceu. “É impossível sair alguma coisa melhor do que o Feels”, pensei em minha inocente ignorância. Me dei mal sem saber que na verdade estava me dando muito bem. Strawberry Jam é o melhor disco do Animal Collective. Conseqüentemente, é o melhor disco de 2007. Estamos lidando aqui com a perfeição em nove músicas, o ápice de uma banda na qual é impossível apontar as influências, mas que influencia meio mundo. Você pode até não gostar, mas ninguém é mais importante que eles hoje em dia e, quanto a isso, não há discussão. (Six)