Dois em um

The Notwist
The Devil, You + Me (2008)

Respeito. Essa é a palavra que me vem à cabeça quando penso no Notwist. Afinal de contas, os alemães lançaram, seis anos atrás, o que é um dos discos daquele ano e um dos álbuns mais influenciados na música indie eletrônica. Sem a obra-prima Neon Golden, discos como Give Up, do Postal Service, jamais teriam existido. Eis que eles voltam à ativa para em 2008 lançar The Devil, You + Me, seu sétimo trabalho.

Confesso que senti certa apreensão. Não sabia o que esperar. Felizmente o disco abre com o “hit” “Good Lies”, que já tinha aparecido na internet há algumas semanas. É quando nos sentimos confortáveis novamente: o bom e velho Notwist está de volta. Essa é uma sensação que nos acompanha quase que no álbum todo mas, e ainda bem, ela caminha ao lado de outra sensação, a de que eles mudaram e que apesar da essência continuar a mesma, há elementos diferentes pra lá e pra cá.

Como por exemplo na linda faixa-título, na qual a bela voz calma de Markus Acher é acompanhada por um violão simples que logo ganha a companhia de uma bateria eletrônica e um teclado igualmente simples. A calmaria logo dá lugar a “Gravity”, com uma “tensão” típica ao Notwist. The Devil, You + Me é sem dúvida um disco de canções bonitas e, mesmo não batendo Neon Golden, não deve desapontar fãs, tanto da banda quanto do gênero.

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Um bom exemplo de como é forte a influência exercida pelo Notwist sobre a tal indie eletrônica é o Electric President. A dupla norte-americana vai lançar, logo mais, Sleep Well, seu segundo trabalho, dois anos depois do excelente e pouco comentado s/t.

No novo álbum, ouvimos o duo deixando de lado a esperança de s/t e apresentando músicas mais sombrias. Faixas como “Monsters” e “Bright Mouths” foram feitas para serem ouvidas no escuro, de olhos bem fechados. Não é o caso, vale dizer, de “We Will Walk Through Walls”, aparecendo como terceira faixa para servir de breve alegria para os ouvintes. A instrumental “Ether”, a quinta, tem apenas um minuto e vinte e dois segundos que são suficientes para fazer você flutuar com seus maiores medos e certezas. É uma das mais bonitas do disco.

Sleep Well segue muito bem até o final, ganhando mais animação e peso e tropeçando poucas vezes, mostrando que a banda evoluiu e abandonou o fantasma de Ben Gibbard e seu Postal Service para criar uma identidade própria cada vez mais evidente. Ponto para eles.

Electric President
Sleep Well (2008)